A existência de matas bem conservadas, aliada à característica de relevo escarpado e cárstico, que faz frente aos ventos do Atlântico Sul, resulta em grandes quantidades de chuva, cuja água é armazenada e escoada por densa drenagem superficial e subterrânea. A região funciona como um enorme reservatório de água para o futuro. Com deslumbrantes cachoeiras, formadas por rios cristalinos, lançam-se rumo às planícies, através de altitudes que variam de 200 a mais de 1.000 metros.
Devido sua declividade desta
porção da Serra de Paranapiacaba, as águas pluviais, saturadas de ácido
carbônico proveniente de solos altamente húmicos dos seus arredores, penetram
nas fissuras rochosas e desgastam continuamente o calcário, abrindo dutos e
galerias, originando um dos espetáculos mais incríveis da natureza: as
cavidades naturais ou cavernas calcárias. Seus impressionantes e magníficos
espeleotemas (estalactites, estalagmites, cortinas, colunas, flores, etc.)
atestam esta contínua e lenta evolução.
Todo um mundo à parte, condicionado pela ausência de luz, encerra-se
nestas cavernas, com espécies adaptadas a viverem apenas nestes ambientes, os
troglóbios como obagre-cego (Pimelodella kronei) ou o grilo
cavernícola, entre outros, ou dependentes dela, os troglófilos como algumas
espécies de morcegos. O alimento para pequenos insetos, aracnídeos,
crustáceos, peixes, entre outros, é trazido tanto pelo rio que corta a caverna,
como pelas fezes dos morcegos. Esta característica aumenta ainda mais a
complexidade da biodiversidade local.
A contigüidade de outras Unidades de Conservação vizinhas, como o Parque
Estadual Intervales – PEI, Parque Estadual Carlos Botelho – PECB e Estação
Ecológica de Xitué – EEX, aliado à existência de uma área de entorno ainda
conservada, assegura à região um contínuo de mata íntegra (>200.000 ha) que
permite a existência de espécies faunísticas de amplo território, como a onça-pintada (Panthera
onca), o mono-carvoeiro ou muriqui (Brachyteles
arachnoides) e gavião-real ou harpia (Harpia
harpya). Cerca de 30 outras espécies de vertebrados encontram-se na lista
de ameaçados de extinção, como a rara ave marialeque (Onychorhyncus
coronatus), a ágil lontra (Lutra longicaudis) e
curioso cágado (Hydromedusa maximiliani), entre outros. Minerações ilegais, extração de palmito, caça e pesca, contaminação de
rios, desmatamentos, são algumas formas de agressão que ameaçam o PETAR.
Além
dos trabalhos de fiscalização, os esforços de preservação têm envolvido as
comunidades tradicionais que vivem na Unidade e na região de entorno do Parque,
criando alternativas econômicas como o ecoturismo, com formação de monitores
locais. Sob a responsabilidade do Instituto Florestal, órgão da Secretaria do
Meio Ambiente, a implantação do PETAR é realizada por equipe
técnico-administrativa e de guardas-parque (vigias e guias), contando com a
participação do instituto Geológico, Fundação Florestal, Prefeituras Municipais
de Iporanga e Apiaí, Polícia Florestal e de Mananciais, Organizações Não
Governamentais (espeleológicas e ecológicas), pesquisadores científicos e um
grupo voluntariado de apoio, além de outras instituições.